Os professores a exame # 3

Meu caro João Paulo Sousa, duas coisas muito rápidas sobre a nossa conversa e mais uma para depois.
Eu acho compreensível que, num primeiro momento, e para o comum dos mortais, a decisão de introduzir um exame de acesso ao exercício da docência tenho dado a impressão de que ele é a condição única para se ser professor: um tipo aparece aí com uma formação qualquer, ou até sem formação nenhuma, apresenta-se a exame, passa — e ei-lo apto a ser professor, assim haja vaga para ele.
Ora, não será o caso. O Decreto-Lei nº 43/2007, de 22 de Fevereiro, estipula claramente que é necessário o grau de mestre num dos perfis aí definidos, além de definir com igual clareza as componentes curriculares de cada um desses mestrados, nelas se incluindo a obrigatoriedade do estágio pedagógico. O exame de acesso é mais uma prova a somar a estas, não as substitui.
O modelo de estágio foi discutido e revisto. Se não me falha a memória, já terá sido há três anos que este novo modelo de formação de professores e de acesso à profissão docente foi apresentado às Escolas Superiores de Educação e às Universidades, para discussão. Relativamente ao estágio, acabou por vingar o modelo já em uso nas Escolas Superiores de Educação. Ouvi defesas e ataques muito clarividentes sobre ambos os modelos. Não me pergunte o que penso sobre isso, porque nessas áreas me tenho portado sempre como um agnóstico de rigor.
Quanto à falta de diálogo e ao desvario que irá pelo Ministério da Educação em matérias de avaliação de professores, concursos, novo modelo de gestão das escolas, dou de barato a inabilidade política e, do que sei ou penso que sei, erros parciais que acho que seriam evitáveis com um pouco mais de pensamento sobre a “coisa”. Mas não conheço em pormenor. Há porém uma questão de fundo, para a qual o seu Nietzsche vem mesmo a propósito, de que espero poder falar amanhã.

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