Breleur/Kundera, adenda 2

Um parágrafo é quanto basta para traçar o arco entre um trauma originário e a sua transformação em maravilhoso. O tempo como arco conseguido não é o tempo em que suportamos a existência. A dor ou o apaziguamento têm isso em comum: terem de ser suportados na existência. Durarem. Sempre para além do razoável, mas sempre a caminho de serem outra coisa que os degrada e no-los rouba como experiência fundamental. Um parágrafo é a nossa vida enquanto escultura acabada, limpa do lixo que gerou e da oficina em que se fez. Uma mentira breve, a única verdade do tempo que podemos compreender.

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