Terapia breve, 6ª sessão

- Diga, então.
- Mas só para não haver mal-entendidos de qualquer espécie: tudo o que se diz aqui está ao abrigo da confidencialidade terapeuta-cliente, certo?
- Claro, absolutamente.
- Bom, nesse caso... Aparentemente, tudo começou com -----------, logo seguido de ---------.
- É normal.
- Pois é, também me pareceu. O pior é que -------. E mais ainda quando ---------, percebe?
- Também é normal, convenhamos.
- Pois é, também me pareceu. O problema é que era normal de todos os lados, está a ver? Isso pode ser realmente um problema. Foi então que ---------, logo seguido de ------; um pouco mais tarde, enfim, não muito mais tarde, aconteceu que -----.
- Realmente...
- E como se não bastasse, ainda houve --------. Claro que nada disto, como hei-de dizer?, foi ------, mas mesmo assim o sentimento era o de que ----------. Ou para ser mais exacto, se é que nestas coisas podemos desejar a exactidão, o sentimento era o de que ------.
- E como seria normal, para salvar tudo, elegeram o Groucho.
- Pois foi. Mas acabou bem. Tudo pesado, acabou bem. E no meio daquilo aprendi uma coisa fundamental e perigosa.
- Perigosa?
- Sem dúvida, perigosa. Que a ironia não tem moral.
- Acho que não estou a apanhá-lo...
- Tudo o que gerou discórdia e reconciliação, visto de fora, foi o mais brilhantemente cómico.
- Ah, isso... Mas também me parece normal.
- Pois, mas eu não o sabia por experiência, que quer?
(pausa)
- E diga-me, agora que me contou isto: ainda acha, como quando aqui veio a primeira vez, que o blog acabou porque tudo o que começa, algum dia tem de acabar?
- Mas claro. Se não for de uma maneira é de outra. E se não for nenhuma das duas, a morte resolve.
- E isso é metafísica ou você é apenas um intérprete obtuso?
- Mas você também nos lia?!
- Evidente. Como é que acha que se aguenta a terapia dos outros, hem?..

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