Hezbollah

Aprende-se bastante no diálogo entre Luís Januário e Daniel Oliveira.
Quanto ao Hezbollah, parece-me razoável dizer-se que ele é fashionable para alguns desencantados da esquerda europeia e, mais difusamente, para um certo voyeurismo mediático que gosta de assistir ao frisson da guerra no conforto das suas poltronas. Tudo isto seria de pouca importância não fosse o caso de este modo-de-estar constituir parte importante do burburinho que os políticos eleitos ouvem nos barómetros da sua popularidade e os leva às hesitações e recuos a que temos assistido relativamente ao papel da força de interposição. Mas esta parte do problema é exclusivamente nosso. Também me parece bastante claro que os métodos do Hezbollah, enquanto força militar, são terroristas.
Mas, a partir daqui, só tenho dúvidas e ignorância. O enraizamento do Hezbollah nas populações é apenas estratégia de perfeita camuflagem ou, mesmo sem deixar de ser isso, é a única forma de civilização que essas populações têm? O Hezbollah é o Estado dessas populações? São suas as únicas escolas e hospitais a que essas populações têm acesso? Saber isto parece-me decisivo para encontrar a forma adequada de lidar com essas populações. Mas também se pode pôr a pergunta desta maneira: o que é o Estado do Líbano para essas populações? Onde é que existe como forma de construir um tecido social e de o regular juridicamente? Isso, eu gostava de saber. Porque me parece, daqui de muito longe, que a realidade do Hezbollah é bem mais complexa do que vista pelos olhos dos que a julgam quer fashionable quer demoníaca.

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