A Leitora, no seu infinito particular (XXVI)

- Que descanso estranho o teu, Luís.
- Ora...
- Parecia a reactualização do mito barhesiano do intelectual em férias. Muito novo século, claro. Menos livros, menos manuscritos para acabar, mas demasiados posts e muita filosofia de impoder, quer dizer, muita filosofice inconsequente, como tu dirias se tivesse sido eu a autora de tais desmandos...
- Pois...
- Mas as tuas audiências desceram abaixo de zero, tens de ter cuidado. E nem um comentário ao que anda pela blogosfera, nem um mísero link, nada de nada.
- Falta de condições durante o descanso, falta de tempo agora.
- Mas um blogger que se preze...
- Não multipliquemos os deveres a não ser que seja impositivo.
- Certo. Mas ao menos deixa-me ajudar-te a acertar o passo.
- Vais finalmente escrever aqui, Leitora?
- Estava apenas a pensar fazer-te uma entrevista. Coisa rápida. Primeiro. Já foste acusado de ser anti-semita?
- Ainda bem que me fazes essa pergunta porque...
- Tens de ser mais rápido na resposta. Achas que a Síria vai entrar no conflito ou está a fazer bluff a não ser que se queira arriscar a apanhar com o nuclear sino-americano?
- Sabes que o Freud dizia...
- Nada de divagações. No caso Gisberta, terias pesado mais a necessidade de não deixar um crime impune ou a possibilidade de recuperar menores?
- Bom, como sabes, o social e a justiça são vectores...
- Sê mais directo, estou quase a acabar. Não achas refrescante, sinal de grande mudança, que ao menos uma vez o país tenha razão numa contenda com um dos seus grandes símbolos, como a Maria João Pires?
- O Saramago terá sido o último a exilar-se com legitimidade, é isso que queres dizer?
- Vês como consegues responder direito quando te esforças e vais directo ao assunto?

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