Pequenos prazeres críticos

Há uns anos atrás eu não acreditaria que alguma editora “profissional” se atrevesse a traduzir Zizek (editora profissional: aquela que não é constituída por meia dúzia de maduros que desembolsam para publicar os livros de que gostam em vez de investir na bolsa ou em PPR).
Obviamente, estava enganado. Com o atraso do costume, mas com a persistência que indica, apesar de tudo, algum enraizamento do pensamento crítico, alguns nomes fundamentais do pensamento contemporâneo vão sendo traduzidos (Sloterdijk, Stiegler, Said, Badiou). Não pertencem à equipa galáctica dos Derrida-Rorty-Wittgenstein-Deleuze, mas são do mais estimulante do pensamento de hoje. Que um mercado pequeno, tradicionalmente renitente à filosofia e ao ensaísmo em geral, consiga espaço para estes autores, é uma boa notícia. Ok, não é a obra completa nem sequer, mais modestamente, o best of. Portugal não é a Espanha, e há que saber viver com isso. Mas já é o suficiente para produzir boas consequências: por exemplo, aquela sensação toda ela europeia de ler Zizek inteligentemente citado em português. Pequenos prazeres.

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