Psicopatologia da vida quotidiana (perdão, académica)

É uma história simples. Num órgão académico só de professores doutores por extenso, uma certa e determinada pessoa votou contra uma medida que definiu que se fizesse A ou B ou C. Até aqui tudo bem, as pessoas têm o direito de votar contra. Dias mais tarde, quando o presidente desse órgão académico só de professores doutores por extenso quis pôr em execução a medida, a certa e determinada pessoa recusou-se a fazer B e C, alegando que o órgão só tinha determinado que se fizesse A. É que a certa e determinada pessoa, embora também não concordasse com A, achava que B e C eram pura e simplesmente inaceitáveis, e que o órgão académico só de professores doutores por extenso nunca por nunca o poderia ter determinado. O presidente do dito cujo órgão, cheio de paciência, disse que para que nenhum dúvida restasse sobre tal matéria, na próxima reunião perguntaria explicitamente, a quem tinha aprovado a medida, se todos tinham entendido que ela determinava que se fizesse A ou B ou C. O presidente do órgão académico só de professores doutores por extenso fez a pergunta, a certa e determinada pessoa voltou a intervir dizendo que A estava errado mas que ela cumpriria, mas que B ou C, além de estarem muito mais errados, nunca tinham sido aprovados. Os restantes membros do órgão académico só de professores doutores por extenso disseram claramente que tinham aprovado a medida em total conhecimento de que ela determinava que se fizesse A ou B ou C. Dias mais tarde, quando o presidente desse órgão académico só de professores doutores por extenso quis pôr em execução a medida, a certa e determinada pessoa recusou-se, escandalizada, a fazer B e C, alegando que o órgão só tinha determinado que se fizesse A, e que era isso que tinha ficado em acta. O presidente que fosse ver. O presidente do órgão académico só de professores doutores por extenso, embora exasperado, acha fascinante que lhe tenha calhado em sorte este exemplar supremo de autismo académico. Por extenso.

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