Correio quase interno ou Os que não mudaram # 5

Por mail, o Abel Barros Baptista elabora a partir do post abaixo:

“ (...) A respeito do Quixote (e nota que não estou a discordar de ti, apenas a elaborar a partir de uma frase que escreveste e que, sei bem, não corresponde necessariamente ao que pensas) não me parece que seja sobre uma personagem cuja vida foi mudada pelos livros que leu: é sobre uma personagem cuja vida foi mudada realmente por ser... personagem de um livro que alguém leu! Houve quem lesse esse livro (a primeira parte) e fizesse acontecer (na segunda parte) o que nele não chegou a acontecer. Se se quiser falar da acção ou dos efeitos dos livros sobre a vida das pessoas, o assunto nasce e morre com o Quixote.”

Subscrevo por inteiro. Mas depois talvez tivesse de escrever também algo um pouco diferente. Mas seria depois de subscrever por inteiro, o que faz uma grande diferença de não subscrever nada de nada. E subscrevendo, só escreveria algo mais neste sentido: há coisas na literatura que estão sempre a regressar, é da natureza da coisa, ainda que eu não me atrevesse a postular qualquer natureza à coisa, longe de mim... E nessa natureza da coisa que eu não me atreveria de todo em todo em postular, os efeitos dos livros sobre a vida das pessoas são uma das cenas de origem, parte trauma parte promessa falhada parte comunidade por vir. Enfim, coisas sempre de muito antigamente, sem dúvida.

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