Paris # 12

Interessante o cotejo entre “A origem do mundo” e fotografias erótico-pornográficas da época que o quadro a seu modo reproduz. Parece-me que o lirismo terá consistido na ocultação da biologia mais pregnante (os grandes lábios) e na invenção de uma natureza púbica demasiadamente natural e livre (por contraste com o cuidado do aparo púbico de todas as fotos da época). Penso que será por isso que o quadro pode agora ser relido, perdido o seu impacto provocatório, como um exercício de sensualidade puramente pictórica: a pureza é quase sempre uma montagem sobre a rasura da biologia e a invenção de uma segunda natureza.

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