Conhecem este gajo?

Disseram-me: é bom, as usual. Errado. É muito bom. Quando retransmiti, corrigiram-me em upgrade: é excelente. Ouvimos outra vez: mas quem é este gajo, afinal? Concluímos que era ele, sim, mas em versão definitiva de caso sério. Um caso sério, pois então.

A poesia em dia

Não me lembro a primeira vez que ouvi a palavra poesia. Lembro-me do primeiro poema que me fez pensar que aquilo era poesia. Eu era novo, tinha de ser novo, e Cântico negro era o poema. Houve depois mais sobressaltos e descobertas, mas já não frequento ninguém desses tempos. Hoje, sobressalto-me ainda, descubro ainda. Mas sei que não terei tempo para o esquecimento deste presente, como sei que aquilo que espero da poesia encontrou o seu lugar em mim e não serei capaz de lhe inventar um outro nem consentir que ela o faça nas minhas costas. A cada um o trabalho árduo do seu paraíso e do seu inferno: o meu chama-se romance.

Escalas

Podes mais sobre a crise portuguesa do que sobre a tragédia japonesa ou líbia? Não podes. É essa a tua irrelevância e a tua liberdade. Mas sabes onde está o teu coração, sabes quando e porquê viras as costas e deixas de ouvir, sabes o que fazer e como o fazer.

Nels Cline, dirty baby


Como um pictures at an exhibition para jazz alargado a música "contemporânea".
Os dois booklets com as pinturas de Ed Ruscha permitem aferir melhor a vista/ouvido.

Nels Cline compõe e o ensemble heteróclito recompõe.

Vasta paisagem, diferentes mundos, arte maior.

Ed Ruscha, joshua tree

Ed Ruscha, you and your neighbors

Ed Ruscha, plenty big hotel (painting for the american indian)

Ed Ruscha, agree to our terms or prepare yourself for a blast furnace

Ed Ruscha: man, wife

Ed Ruscha, little snitches like you end up in dumpsters all across town

Ed Ruscha, in god we trust

75

Morada

Habitamos
uma casa quando
a sombra dos nossos gestos
fica mesmo depois
de fecharmos a porta.

[Margarida Ferra
Curso intensivo de jardinagem, p. 51]