Um aforismo pode ir a todo o lado. Os aforismos de Kafka, na sua esmagadora maioria, vão apenas ao paraíso inicial e por lá se mantêm, pensando a expulsão, a permanência do éden, o trato com o mal. Em todo o caso são aforismos, não fragmentos de um tratado que não se chegou a completar ou que tenha sobrevivido truncado. Não pressupõem sistema, apenas deambulação. Não são órfãos de uma teologia já impossível, antes pesquisadores num mundo realmente tão estranho quanto parece sê-lo. O seu movimento é sobretudo afirmativo, sem aquela retracção que faz o tom de negatividade dos seus romances. Se há escrita solar em Kafka, é aqui que a encontramos. Sol de dias frios, mas sol.
Sol de dias frios
Luís Mourão
23.1.09 |
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