Reprise # 5


Certo, uma casa de férias que se alugue não precisa de ter uma estante. Para os livros, se os houver, bastará o saco que os transporta. A mitologia barthesiana do intelectual em férias só circulou no milieu, e mesmo essa implicava mais o intelectual como escritor do que o intelectual como leitor. E o intelectual como escritor, já se sabe, é da ordem da criação ex-nihilo: nada de bagagem, nada de biblioteca acoplada.
Ao longo dos anos, fui-me habituando aos lugares improváveis de colocar os livros que as férias permitem. Este não foi dos piores, e sem dúvida nenhuma foi o mais lógico: na dispensa, em partes iguais entre as utilidades e os comestíveis.

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