Fora de tempo # 48


“e uma data de poemas na cabeça / ligados por tubos de respirar” (p. 7)
a glória dos poemas na cabeça: não é o lugar nobre e apropriado para haver poemas, é apenas o lugar mais próximo da saída; a eternidade dos tubos de respirar: os cuidados intensivos são a última paragem antes da saída

“os poetas devem morrer de tuberculose, na miséria / isso ou artista doméstico / fato de treino e perversões de periferia / o resto é abaixo de gato” (p. 15)
a glória da parte maldita, a eternidade da recomposição do mundo normal

“nasce o dia / ao sair da cozinha tudo na mesa parece obra do diabo / copos por levantar, o cinzeiro usado, talheres sujos / e livros de poesia” (p. 23)
a glória da enumeração do trivial, a eternidade da parte maldita tornada quotidiano 

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