Sim, a questão é agora o tédio, ou nos termos do sub-título: melancolia contemporânea (um itinerário). Mas o tom de dissecação imperturbável mantém-se, mesmo quando alargado ao humor negro. É por isso que ler é afastarmo-nos de Bloom. Bloom fica no seu definitivo tédio, o mundo prossegue. Ler é o prosseguir do mundo. Narrar é o prosseguir do mundo. Bloom não lê nem narra. Prosseguir é cruel. Não há aqui sequer a desculpa ainda heróica do sim nietzscheano, da inocência do mundo que se aceita como destino. Prosseguir é só prosseguir. Isso é cruel, porque sem desculpas, sem razões, e sem afastar a morte. Não se esperava consolo da dissecação do mal. Porque se haveria de esperá-lo da dissecação da melancolia?
Uma viagem à Índia # 1
Luís Mourão
17.10.10 |
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