porque ao pó hás-de voltar,
ainda que na linha dos teus lábios se detenham
duas gotas de mel.
José Agostinho Baptista, Filho pródigo
O “ainda que” como dobradiça da nossa existência.
Primeiro, a longa idade das hipóteses de vitória: o “ainda que” abre para o mundo disponível, alcança-o por sobre todos os nossos impedimentos de partida.
Depois, a idade madura da porta fechada, “ainda que” se ouça de um lado para o outro, "ainda que" passemos sem obstáculos de um lado para o outro — essa sensação estranha, e contudo incontornável, de que mais do que termos falhado alguma coisa de essencial, nos foi permitido assistir à falha que nos estava particularmente destinada.
Por fim, a idade incerta da porta que abre para dentro, esse regresso ao pó inaugural — “ainda que” essas duas gotas de mel nos teus lábios me façam, por instantes, voltar as costas à morte.
48 # 10 ou Pó, uma adenda
Luís Mourão
26.2.09 |
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