Um post para as minhas aulas ou Não era mau saber um pouco de história ou Olhe que se está a dirigir às pessoas erradas ou por fim Haja esperança

Este é um post para as minhas aulas, um post sobre reivindicação de direitos que deve ser atendido. Se bem percebo, Vasco Lobo Xavier (VLX) casou pela igreja, logo também pelo civil, mas perante a alta degradação do casamento civil — que agora mete divórcio por dá cá aquela palha, não defende nada nem ninguém, e previsivelmente vai abranger casamento de pessoas do mesmo sexo — quer descivilar-se (notem bem que eu não digo descivilizar-se, ok?) e re-casar-se, ou pelo menos re-afirmar o seu casamento apenas como sacramento à luz da sua fé e religião. Absolutamente de acordo. Compreendo que VLX não queira misturas indesejáveis, está no seu pleno direito de separar o que é da religião e o que é da sociedade civil, pode contar comigo para qualquer batalha civil nesse sentido.
Mas qualquer batalha tem que estabelecer claramente o seu inimigo, e aqui o inimigo não é o Estado. Não foi o Estado quem obrigou que todo o casamento religioso católico fosse automaticamente reconhecido como casamento civil, foi a Igreja quem o reivindicou e o quis na Concordata. Como primeiro passo, VLX terá de se dirigir à Santa Sé e solicitar-lhe uma revisão da Concordata que separe claramente o sacramento do contrato civil, de modo a que VLX possa ter o sacramento sem ter o contrato. Eu acho que a Santa Sé não irá nessa conversa, até porque o sacramento, ainda antes de existir o casamento civil, era entendido como tendo uma face contratual pela qual, no fundo, o Estado reconhecia o modo civilizacional que o Cristianismo tinha emprestado à organização das sociedades (claro que tais formas eram anteriores ao próprio Cristianismo, mas para efeitos de prática ideológica a memória social não costuma recuar tão longe...). Mas que sei eu? Estou de fora do clube, tudo o que posso garantir a VLX é o meu apoio moral à sua reivindicação e hospitalidade infinita caso o seu clube o expulse por achar que a sua posição atenta gravemente contra [o poder] a presença e influência civilizacional da Igreja no seio das sociedades.
Obtida a anuência da Santa Sé, VLX pode contar comigo na primeira fila do combate para que o Estado reveja a Concordata nesses termos. Sendo preciso, estou convencido que as outras religiões também darão uma mãozinha, segundo aquele tão velho princípio de que ou há moralidade, ou comem todos.
Haja esperança, portanto.

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