Ou, talvez, o intelecto
seja esse espaço. E dali
o que se estuda por dentro
é sempre um fora sem fim.
Fernando Echevarría, Lugar de estudo, Afrontamento, 2009, p. 178
Um fora sem fim. A mística e o ateísmo, quando consequentes, convergem nesse inumano que é o exterior livre dos egos e das personas. No mais íntimo da minha intimidade, outra coisa que mim, dizia Agostinho; ou outra coisa que é já o fora sem fim de mim, poderia ter dito Foucault (de um modo menos canhestro, ne va sans dire, que o ouvido dele ouvia verdadeiramente as Goldberg noite dentro).
Em todo o caso, nem a mística nem o ateísmo são essa música chilra em que também convergem as beatices do personalismo e os arroubos do individualismo. De grande respeitabilidade política e democrática, claro, mas também não é isso que está em causa. O que está em causa sem realmente estar em causa (porque nunca foi uma grande questão aos olhos de todos quantos opinaram sobre as grandes questões), é a dificuldade do lugar de estudo. O despojamento. A despossessão.
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