Elling, 10 a 12

No jazz vocal masculino, Kurt Elling está no meu topo. Pode-se dizer que a concorrência não é muita, e regra geral não chega onde Diana Krall chega mais que bem (e há nela uma inteligência do piano que não é para todos). Mas Kurt Elling não anda por essas paragens. Se bem que Nightmoves oscile nos acompanhamentos: uma harmónica manhosa, um quarteto de cordas não menos manhoso, um sax demasiado açucarado, alguma coisa a roçar a bossa-nova (aquela faixa em brasileiro, que estranho... mas se fosse em francês já não o seria tanto, por maior distância natural face à nossa língua). Mas a voz não transgride, nunca arredonda, nunca desfaz as rugosidades que são o seu fascínio e a sua vida própria. E depois há esse milagre da faixa dez — um original de Jarrett que desagua com toda a naturalidade em In the wee small hours —, que se prolonga até ao fim do cd, por mais duas faixas. Elling e o trio clássico, que é como devia ter sido todo o disco à falta de gente mal-comportada na harmónica e no sax. Não é que o cd não seja bom, que é, mas as três faixas do fim, realmente superlativas, mereciam algo mais antes.

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