Este é um tempo em que aqueles que outrora nomearam directamente a contemporaneidade mais extrema, olham de soslaio qualquer coisa que ainda não pode ser dito. Magnólia ou Pulp Fiction foram a máquina do cinema no coração do que somos. There will be blood ou Death proof reciclam, tentando fazer falar a partir de trás. O que quer que seja que venha a poder ser dito, já vinha sendo falado há muito. Mas não se sabia.
No seu mecanismo e na sua sintomatologia, There will be blood não é muito diferente de Death proof. Devoram linguagens e codificações diversas, é certo, e o patine de classicismo de There will be blood parece afastá-lo do aparente irrisório e vazio de Death proof. Mas a questão é a mesma: a auto-devoração provocada pelo exacerbamento da competição típica do capitalismo avançado. São ambos filmes claustrofóbicos, no reduzido núcleo das suas personagens e dos seus motivos traumáticos. O mundo está sempre noutro lado. Mas foi esse mundo que ruiu e que deixou às claras o ninho de víboras que sempre habitamos. Só que ainda não percebemos de todo o que aí se passa.
Multiplex # 37 (um)
Luís Mourão
21.2.08 |
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