“Auschwitz é um desses desastres enormes que devem servir de aviso ao homem — se o homem quiser prestar atenção. Em vez disso, atira-se para a frente com motivos científicos e fala-se, por exemplo, da banalidade do crime, que é como um postal de boas-festas do inferno.” (p. 44-45).
Todavia, Arendt não tem culpa. E haverá sempre uma parte “metafísica” da questão a alimentar o nosso espanto e a nossa vergonha, sobre ela não cessaremos de rodar os argumentos de todos os lados possíveis. A questão está na pedagogia. Como evitar que se repita. Não acredito em qualquer pedagogia directa: contar e re-contar o holocausto, memoriais, museus, etc. É fundamental para o luto das gerações próximas, para o luto da própria ideia de civilização e cultura, mas não é pedagogia fundamental. A única pedagogia fundamental para estas coisas é mais e mais democracia. Tão frágil quanto isto, e contudo nunca inventaremos nada mais forte do que isto.
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