Fora de tempo # 6


Essa poesia narrativa que conta uma história por intermitências, escavada, limpa, emergindo como “um verso apenas — ou menos ainda” (p. 47).
Essa narrativa que circunda duas sombras: uma que é todo o passado, mesmo que já devoluto, atravessado como prova banal de existência, ainda assim essa figura persiste, como se não fosse possível (e não é) avisar esse jovem de que há um lado de cá de tudo e é já aí que estamos: “Aos 14 anos, o futuro era um território confuso, / um pais estrangeiro; não sabíamos como lá chegar.” (p. 21); outra que fecha o livro, chama-se terra incógnita, é ainda o futuro, o tempo por vir: “A partir daqui, / não sabemos nada.”
Essa história por intermitências que é a história própria de cada nome e que tem a sua metáfora exacta, de matéria marginal gastando-se, em “néon”:

Como nos bares decrépitos
do red light district, há letras
do meu nome que já não
se acendem e outras
que piscam ou
tremeluzem
a noite inteira. (p. 53)  

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