Não há como os inquéritos para darem consistência àquilo que difusamente o dia-a-dia nos vai deixando entrever. Sobre a não-leitura de livros dos nossos estudantes universitários, com preponderância para os alunos de ciências, confirma-se a mudança de mentalidades de toda uma geração: um curso já não é uma tarefa de aprendizagem cultural e humana, ao mesmo tempo que uma preparação para a vida profissional que se deseja, um curso é um percurso técnico de aquisição de skills (o conceito continua a soar-me estranhíssimo), que corre paralelo à vida de cada um, e que serão relevantes ou não conforme o emprego que se arranjar.
A questão é: se os universitários não lêem, quem lê? É que me parece razoável dizer-se que hoje se lê mais, embora me pareça também razoável dizer-se que não se lê na mesma proporção em que se edita entre nós. Este "razoável" é enganador?
A outra questão é: se os jovens urbanos até aos trinta anos votam maioritariamente à esquerda e apoiam as causas ditas fracturantes, onde aprenderam eles isso? Haverá já questões de sociedade e cultura que prescindem dos livros e mesmo de um tratamento mais profundo dos jornais? Bastará o Prós e Contras e o eco disso na conversa do dia-a-dia?
Perguntas (com alguma perplexidade)
Luís Mourão
21.2.07 |
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