Baudrillard # 3: segue a existência
Luís Mourão
15.3.07 |
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Lembro de cor um dos episódios descritos num dos volumes de Cool Memories. Há algures na América um parque de diversões. Um imenso labirinto, que se prolonga por hectares e hectares, e de onde é impossível sair. As pessoas andam por lá o tempo que quiserem. Quando desistem, chamam o helicóptero para as ir buscar e seguem a sua existência.
O episódio ficou-me também como uma excelente imagem do pensamento de Baudrillard. Alguém que nos sabota as evidências mais comezinhas instalando-nos num gigantesco labirinto de onde é impossível sair. Em cada esquina há um dado novo e surpreendente, mas que se recusa a fazer sistema com o que quer que seja. Não há saída. Quando se fica cansado de pensar, para-se de escrever ou fecha-se o livro. Segue a existência. É tudo.
E no entanto, não é tudo. Porque a existência que segue não é já a existência que seguia antes da experiência do labirinto. Uma diferença feita de melancolia seca, alegria implosiva e soberana indiferença a nós próprios.
Na minha biblioteca privada, Baudrillard é Bernardo Soares re-mix. Eu gosto.
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This entry was posted on 15.3.07
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