Cheguei a Baudrillard na altura de Simulacros e simulação. Fez-me bem. Apesar de tudo, havia demasiado realidade, demasiado sistema, demasiado confiança na filosofia que frequentava, mesmo que derridiana ou deleuziana. Ficou-me um tom, com o seu quê de francês, é certo — jogo conceptual, snobismo do diferente —, mas também com uma absoluta e salutar e feroz crítica do que poderíamos chamar de espírito de gravidade — naquele sentido em que Derrida ou Deleuze, sendo obviamente imensos, são também de uma gravidade incontornável.
O Baudrillard dos três volumes de Cool Memories pertence ao meu cânone privado — no duplo sentido do meu gosto pessoal e de que eu deveria ter escrito aquilo (riam lá à vontade a ver se eu me importo...).
O Baudrillard final levou-me a reler Húmus de uma outra maneira — mas como já está publicado, não preciso de explicar... Aliás, isto não é para explicar nada.
Depois não houve mais Baudrillard. Como se tivesse mudado de cidade e lhe tivesse perdido o rasto. Os pensamentos e autores não são diferentes dos amigos que temos: mais chegados uns, um pouco perdidos outros.
Baudrillard # 1: lendo
Luís Mourão
13.3.07 |
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