Os trabalhos e os dias (18)

“Bem, então já eu escrevia romances, bem longos, assim umas trezentas páginas, coisas realmente impossíveis, não é? Um chamava-se Peter vai à cidade, e já eu estava na página cem e ele ainda continuava na estação de caminho-de-ferro. Pois bem, nessa altura acabei, o plano estava errado. Ele ainda nem sequer tinha entrado no eléctrico e já lá iam cento e cinquenta páginas.” [Kurt Hofman, Em conversa com Thomas Bernhard, Assírio & Alvim, 2006, p. 51].

Recomeçar, a ver se consigo acabar. Esta parte. Eu sei, nunca se acaba. Nós acabamos, mas o que fazemos não. Começamos uma nova coisa, e é sempre a velha coisa em transformação. Mas esta parte. Acabar esta parte. Ao menos esta parte.

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