A casa tinha cães e gatos em abundância e soberana indiferença. Talvez já praticassem divisão do trabalho, porque eram sempre os mesmos que vinham inspeccionar as visitas mal entravam no quintal. Gente sem interesse, a julgar pela rapidez com que os animais de distraíam com as coisas de sempre. Uma vez houve uma reunião importante. Queriam designá-lo líder. Não o conheciam por inteiro, mas já era bom que comungassem da mesma intuição sobre as suas qualidades. Os discursos sucediam-se, ele ouvia levemente distraído. Um gato veio-se-lhe aninhar no colo e ali ficou. Quando começou a ronronar, o que discursava interrompeu-se e olhou os outros. Todos concordaram em silêncio. Tinha sido grande o engano, disseram depois entre si. Aquele que dá paz aos bichos não serve para comandar as guerras dos homens. Ninguém duvidou da sentença. Houve mais reuniões, ele nunca voltou.
Fora os gatos e a poesia # 3
Luís Mourão
29.6.09 |
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