- É mesmo assim? Não é, pois não?
- Claro que não. O único problema é que não pode ser de outra maneira.
- Então acaba por ser assim?
- É a única maneira de se poder continuar a viver. Bastante irónico, hem? Mas pode-se sempre tentar ler o valor facial da metáfora.
- É conseguidamente óbvia, Luís. O combate que se via no exterior, e de que o menino se protegia por detrás da mãe, é agora interior à família, por causa do divórcio. O adolescente tem de saber encará-lo, aceitá-lo talvez como tão permanente como ele parecia ser no museu, e aprender a não ter de escolher entre a lula e a baleia.
- Não me parece mal, Leitora.
- Desse ponto de vista, do não parecer mal, também a mim não me parece mal. Mas assusta-me que uma vida se possa assim dizer por uma metáfora tão justa.
- Assusta-te?
- A redução.
- Ah, isso. É uma forma de falar, de poder falar para avançar.
- Mas a minha questão é se não há outras maneiras.
- Há sempre. Provavelmente vão dar ao mesmo sítio por outros caminhos. E todo o filme é um capítulo, não mais. Outras metáforas virão. O que não acrescenta muito ao teu problema.
- Pois não. Estamos sempre perto da nota de rodapé, ou da nota dentro da nota, ou até do completo anonimato.
- Assusta-te?
- Um pouco.
- Melhora com a idade.
- Sério?
- Palavra de escuteiro.
- Nunca foste escuteiro.
- Aí tens a tua prova, precisamente.
Multiplex 18
Luís Mourão
15.8.06 |
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