Tectos falsos e focos. O devir supermercado das casas, não muito diferente do antigo devir palácio, com aqueles inenarráveis candelabros de muitos dourados e velas. Uma amplidão que procura o humano fora da sua escala. A minha pergunta é sempre: onde ponho o sofá, o candeeiro discreto, e leio? Onde a outra luz calma que dê um resto de companhia ao nosso desamparo subjacente? Casas feitas para serem habitadas em montra ou em imaginação de revista. Não é apenas a codificação da intimidade, que obviamente sempre existiu. É a sua inteira subjugação ao espaço social onde se exibe enquanto status. Não se vendem casas, vende-se status. E não se compra um espaço para torná-lo próprio, compra-se um lugar de onde os outros possam ver até onde fomos capazes de chegar.
Psicopatologia da vida quotidiana
Luís Mourão
30.8.06 |
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