“Num livro, como em qualquer coisa, há linhas de articulação ou de segmentaridade, estratos, territorialidades; mas também linhas de fuga, movimentos de desterritorialização e de desestratificação. As velocidades comparadas de escoamento segundo essas linhas arrastam fenómenos de atraso relativo, de viscosidade, ou, pelo contrário, de precipitação e de ruptura. Tudo isso, as linhas e as velocidades mensuráveis, constitui um agenciamento. Um livro é um desses agenciamentos, logo, inatribuível. É uma multiplicidade – mas não se sabe ainda o que o múltiplo implica quando deixa de ser atribuído, isto é, quando é elevado ao estado de substantivo.”
[Deleuze & Guattari, Rizoma, trad. de Rafael Godinho, Assírio & Alvim, 2006, p. 8]
Toca-me particularmente o “não se sabe ainda”. Isto significa que nunca se saberá, e que o movimento através do qual nunca saberemos é a nossa própria existência. Consegue-se viver aqui? Elevado ao estado de substantivo? Sim, é uma ascese, por mais que muitos estejam dispostos a adjectivá-lo como rebaixamento. Mas justamente, não é disso que se trata. Nem de adjectivar nem de atribuir para cá ou para além dos adjectivos. Trata-se de continuar a não saber ainda todas as implicações. E de chamar a todas as possibilidades de implicação vida.
Os sixties elevados ao estado de substantivo
Luís Mourão
29.8.06 |
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