Subscrevo tudo, meu caro Eduardo Pitta. Acrescentarei apenas que, nestas coisas, tudo depende de quem escolhemos para delimitar implicitamente um género. É certo que Llansol “não faz ficção no sentido em que a fizeram Jane Austen, Virginia Woolf ou Carson McCullers”. Mas talvez se pudesse dizer que faz ficção no sentido em que a fizeram Sterne, Musil ou Sebald, ainda que todos e cada um por si tenham atitudes bem diferentes face ao fazer ficção. Mas o que seria do género romance se não tivesse «costas largas»? Ou não permitisse as atitudes singulares que lhe alargam permanentemente as fronteiras? E pouco importa que o alargar de fronteiras se faça por acidente: um raio sobre o lápis — usando o título na sua falsa literalidade —, e logo se perde o caminho que talvez nunca se tivesse realmente traçado. Mas não se diz que o espírito sopra onde quer? Mas chegado aqui é melhor deter-me, ou ainda começo a falar dessa ideia altamente esquisita de o romance ter vida própria independentemente dos romancistas (que tem, que tem...).
Do romance (também) como atitude
Luís Mourão
18.7.07 |
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