Retomo. O irredutível tem também a marca do comum. Exemplifico agora com Eric Clapton. A história é simples. Eric Clapton é uma guitarra do blues. Aprendeu o blues nos discos, não na vida — mas isso para a música que se faz é irrelevante, há boa e má música aprendida em ambos os lados (como há boa ou má literatura aprendida nos livros e aprendida na vida). Como dizia, a história é simples. Eric Clapton tinha um filho pequeno, houve um acidente estúpido, a criança morreu. Um blues podia contar essa história na perfeição. Mas Eric Clapton, que de alguma maneira sempre compôs blues, encontrou no mainstream da sua cultura os meios para melhor cantar a sua história. O irredutível escava em nós até às camadas mais recônditas do nosso instinto de sobrevivência, lá onde não há ainda notícia do nosso estilo mais pessoal, apenas do legado que nos calhou. Em alguns momentos isso é quase maximamente transparente, e tem a sua beleza desarmante e desamparada. “Tears in heaven” é um desses momentos.
Quem é o autor? ou Arte & Contexto # 13
Luís Mourão
17.7.07 |
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