Fora de tempo # 40

A DROWNING

Vinte anos de porfia
para cem, duzentos versos
estimáveis, o fastio
dos aplausos, seis amigos,
quando minto, trinta euros
de chamadas por semestre.
Arrependido? Nem sequer.
Desapontado, se quiserem.

A sensação de ter quebrado
o último brinquedo.
 [José Miguel Silva, p. 35]

Pano. Um segundo acto brilhante, com um fim que em muitos não alcança sequer ser final. Parada alta para o terceiro acto. Supondo que o haja (mas o deserto ou a imolação capitalista já não são soluções defensáveis, e à distracção da vidinha falta a força e a disciplina da persistência, mesmo que apenas para perseverar no desistir).

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