A suspensão do juízo é uma forma precisa de ajuizar um determinado objecto particular. Não isenta de ambiguidade. A suspensão do juízo pode ajuizar em definitivo — sobre isso nunca saberei o que dizer, sobre isso nada há a dizer, sobre isso melhor será que nada se diga —, ou pode adiar o juízo até novos elementos esclarecedores.
Na crítica literária, a suspensão do juízo devia ser prática mais comum, nunca como modo de ajuizar em definitivo mas como modo de esperar pela continuação da obra.
Por exemplo: a qualidade de um verso como “o resto é abaixo de gato” não se decide nele próprio nem na obra a que pertence. Será a próxima obra a esclarecer (possivelmente) o lado para que penderá: exemplo de variação fácil de um lugar-comum, ou exemplo de um largo trabalho de desconstrução dos lugares-comuns?
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