A elucubração vem a propósito de um desses crimes de classe (simplificando, empregado que mata e rouba patrão) e abre caminho àquilo que será uma gestão irónica da culpabilidade. Reconhecemos o ar dos tempos: não há hoje culpabilidade que não seja mediada pela ironia e até pela irrisão mais completa. O que não é inteiramente negativo, mas o meu ponto é outro. O meu ponto é que a gestão irónica da culpabilidade não anula a fórmula original em que ela se coloca: se tomarmos o facto estranho à letra, na sua seriedade, estamos naturalmente no princípio de uma qualquer religião. O facto estranho continua lá, é em parte por isso que as religiões regressam ciclicamente.
Fora de tempo # 51
Luís Mourão
28.10.09 |
0 Comments
|
This entry was posted on 28.10.09
You can follow any responses to this entry through
the RSS 2.0 feed.
You can leave a response,
or trackback from your own site.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário