Fora de tempo # 43



Primeiro elogio: o Pynchon segundo Rogério Casanova parece-me de longe bem mais interessante que o próprio Pynchon. Segundo elogio: a sova no Updike devia tornar-se um case study. E mais um: a leitura de Todo-o-Mundo, de Roth, é uma recensão modelar.
Ironia, desembaraço, fórmulas inesperadas e certeiras — sim, tudo isso também. Nos melhores casos, sobre terreno culto, o que deixa qualquer coisa para pensar; noutros casos, é puro incêndio sardónico do quotidiano: alto estilo de devastação, passe-se ao episódio seguinte.
De todos os estilos, é sempre este que tem um prazo de validade mais apertado, embora alto rendimento imediato. Impossível manter-se a vida inteira nisto. Quer dizer, impossível não é, mas este estilo sofre inevitavelmente do síndrome do “Vêm aí os lobos”. Lembram-se da história? O rapaz lançava o alerta, e não era; depois outro alerta, e também não era. Essa história.
Portanto: bem-vindo, Mr. Casanova. Já provou suficientemente que existe. E agora, como é que vai continuar a existir?

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