O peso da história pode interditar: sobre este duo de pianos paira à partida a sombra desse outro já longínquo duo, talvez o melhor de sempre na discografia do jazz, que foi An evening with Herbie Hancock and Chick Corea (1992).
O peso da história pode induzir confiança: para além da parceria com Hancock, Corea soube construir mais dois duetos excepcionais, um com Gary Burton e outro com Bobby McFerrin.
O dueto com a jovem pianista japonesa Hiromi desembaraça-se bem do peso do interdito, excepto na última peça Concierto de Aranjuez/Spain, onde Hiromi quase desaparece, talvez por o confronto com McFerrin (versão avassaladora de Aranjuez) e Hancock (sublime Spain/La Fiesta) ser demasiado. No resto, o lirismo nada sentimental de Hiromi adequa-se bem a um Corea menos impetuoso, mais arquitectónico, mas sempre feérico: não é um confronto de pianos, mas uma paleta de vales variados e pequenas colinas de intensidade.
Momentos altos: Bolivar Blues (Monk) transformado em festa, e o impressionismo de Place to be, da própria Hiromi.
Companhia nocturna # 37
Luís Mourão
25.10.08 |
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