A teoria também ensina a irrelevância da própria teoria. Talvez não ensine senão isso, mas através dos seus próprios meandros. Nem poderia fazê-lo de outro modo. Quarto de hotel de luxo ou quarto de casa normal com ou sem família à volta — é irrelevante. Importa, mas é irrelevante depois de ter importado. Para quem sabe, não acabam nunca as razões para não escrever, e elas são todas verdadeiras, cheias de compaixão, protectoras, serenamente sábias. Não há um único argumento razoável que justifique que se escreva. Por necessidade ou para não matar alguém são desculpas sofríveis e com alguma falta de imaginação — a necessidade podia recair em muitas outras coisas, tal como o desvio dos instintos assassinos. São argumentos também irrelevantes, depois do momento em que são pessoalmente verdadeiros para quem os afirma. Não acabam nunca as razões para não escrever. Nunca. Nunca.
Pequena teoria da literatura para uso doméstico # 14
Luís Mourão
25.10.08 |
0 Comments
|
This entry was posted on 25.10.08
You can follow any responses to this entry through
the RSS 2.0 feed.
You can leave a response,
or trackback from your own site.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário