Imagino que todo o escritor americano habita um quarto de hotel barato, ou mesmo um quarto de motel barato, desses que se pagam dia a dia e cuja manutenção depende de lances fortuitos entre amigos ou conhecidos de ocasião. Toda a América se move, como sempre acontece com todos os Impérios, e o quarto de hotel é não só o posto de vigia mais avançado como também a disponibilidade permanente para partir.
Um hotel de luxo é outra coisa. E outra coisa ainda em Portugal. Porque na verdade, parece que em Portugal não há condições sociológicas para esse mundo americano que é a quinta-essência da vida contemporânea. Um simples quarto de hotel não tem vista para nenhuma realidade movente, talvez apenas para uma praça deserta que em tempos medievos terá sido campo de feiras. E um quarto de hotel de luxo bem poderá ser, entre nós, a morada snob de quem decidiu definitivamente instalar-se na vida doméstica segundo o regime de aquisição de serviços.
Não será por acaso que Viagens na Minha Terra viaja tanto à volta do próprio quarto do autor, como não será por acaso que Kerouac foi americano.
Em cima, continua e continuará Barton Fink, dos Coen
Pequena teoria da literatura para uso doméstico # 5
Luís Mourão
5.10.08 |
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