Pequena teoria da literatura para uso doméstico # 2


“Le souvenir d’une grâce passée peut être une nouvelle grâce”
Julien Green

No quarto do hotel, apenas o indispensável (isto também é uma definição do luxo, ainda que o ponto agora não seja esse). E para escrever, apenas o indispensável do indispensável: os artefactos materiais (computador ou papel e caneta ou qualquer coisa que tome os seus lugares), memória e imaginação. Talvez um objecto que induza partes da memória ou da imaginação, talvez mais do que um objecto, talvez nenhum. Um quarto de hotel não é a vida comum, mas precisamente por isso, pela sua distância protegida e pelo seu anonimato libertador, pode ser o lugar em que a memória e a imaginação da vida comum se faz literatura.

Em cima, a graça e a recordação da graça em Barton Fink, dos Coen

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