Aula quase-livre


Faz sentido. Quando chegam os limpa-chaminés, alguma coisa acabou. Por exemplo, um livro de micro-contos: “este pequeno texto dedicado aos limpa-chaminés foi pelo autor reservado para ser o último deste livro”. Mas não é. Há ainda mais um, de seu nome “Red delicious”. Que começa de uma maneira que imediatamente convoca alguma rememoração: “Adão trincou a maça com prazer”. Mas não é só a cena de origem que assim se apresenta. É também a cena deste livro particular que se re-apresenta para se encerrar. Rememoremos: “Literatura. Uma macieira que dá laranjas.” Bem podemos pressupor: fruto red delicious. Mas de pouco vale pressupor, porque logo entra o desvio: aquela maçã (ou laranja, ou pêssego, ou limão, ou lá o que é), tem bicho, e Adão exige de imediato o livro de reclamações. Sintetizando muito (o mais próximo que me é possível da micro-crítica, digamos) diria que todo este livro é parte do que Adão e seus descendentes escreveram nesse livro de reclamações que Deus se esqueceu de fazer conjuntamente com a criação. E que a Caravana é o meio de transporte de quem se desvia do Diabo, que foi quem Deus chamou para se ver livre de Adão e da sua testemunha, Eva. Como teologia, não é lá muito canónico. Como literatura e sua implícita teoria — you got a point.
Agora eu vou ler outra vez para depois fazer a apresentação, sim? Depois a gente volta a falar.

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