Cartão, tecidos, luz verde

Agora tenho a certeza. A luz verde da tarde é a prova. Devia ter ido ver o Rauschenberg no inverno. Aquela ironia de cartão e demais utensílios imprestáveis era boa para meditar no sofá em frente da lareira. O carrinho de mão com mangas descomunais é uma bela metáfora conceptual para a gente aconchegar no colo junto com o gato que não temos. E a leveza dos tecidos, nos seus padrões de decoração proletária ou de gente remediada, arrimados a veleiro e outros sonhos de escape — ficariam tão bem naquele sol de inverno sobre o casario húmido, alcançando a barra e as rotas que prometem o verão...
Agora tenho a certeza. Entender, acho que entendi. Mas lembrar-me, só da enorme giesta no jardim, na tarde lá fora. À ida, com chuva forte (mas clara); à vinda, com todo o sol aberto em verde e flor branca.

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