Multiplex 32 # dois

- O filme, sim, era disso que estávamos a falar...
- O filme tem um realizador dentro, parece-me.
- Definitivamente, um nome a fixar.
- E personagens com alguma espessura, a carne vai-se enxendo com as psicologias que as animam.
- Psicologias... O termo não é inocente, pois não?
- Não, não é. Há um lado de catálogo de disfuncionalidades sexuais que não é negligenciável, mas a vida também tem isso.
- E há uma metáfora enraizada no real, coisa que o cinema muitas vezes não tem.
- O apagão de Nova Iorque pouco depois do 11 de Setembro?
- Ligado à ausência de orgasmo e ao seu encontro de uma forma bem individual, solitária...
- Eu quase que diria auto-construtivista... (risos)
- Pois... A metáfora não é lá grande coisa, mas a imagem da masturbação no banco de jardim à beira-mar é poderosa na forma como repõe certos mecanismos do narcisismo primário ligados a uma ideia de natureza perdida.
- Hi, onde nós já vamos... (risos) Até porque o filme, lá para o fim, cansa o seu tanto, tal como aqueles filmes do erotismo europeu dos anos setenta.
- É, coisa o seu tanto claustrofóbica. Mas se formos a ver, claustrofobia é o que mais há no cinema mainstream: a redução dos motivos a uma platitude que não complexifica a vida toda.

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