Dormiu mal. Acordou muitas vezes e encontrou-o sempre ali. Respirando. Às vezes acordado também, sorrindo por dentro, olhando-a. Tocavam-se, beijavam-se ao de leve, adormeciam de novo. Mas via perfeitamente o quarto a recuar, ele a esvanecer-se. Haveria de acordar com a sensação forte de uma presença e não haver lá ninguém. Só a luz que vinha de fora, da cidade em volta, e ruídos dispersos. Esticaria o braço, tacteando nada. Adormeceria de cansaço.
Paisagens possíveis # 3
Luís Mourão
11.4.07 |
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