Havia uma linha invisível, disse ele. Mas não saberia falar sobre o assunto. Pelo menos, não hoje, disse ainda. Nada os separava antes, excepto nunca terem pensado que fosse possível, assim, como se nunca tivesse sido de outro modo, naquela penumbra de quem já se sabe de cor. Nada os separava agora, a não ser que não sabiam bem como sair dali, como encontrar a ponte para a vida lá de fora. Ele, sobretudo, achava tão árdua a improbabilidade de todas as histórias, que se esforçava por nunca começar nenhuma. Temia o momento em que acontecesse. Porque ia ter dificuldade em parar antes do fim. E o fim não é apenas o preço a pagar, é a falência irremediável. Havia uma fronteira, e não estava entre eles. Não estava naquele quarto anónimo, num pé frio que procurava uma perna quente. Não, não era isso. Mas agora não quero pensar, disse ele. Abraçou-a e escondeu-se nos seus cabelos.
Paisagens possíveis # 8
Luís Mourão
16.4.07 |
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