Rostropovitch

Não pugno por qualquer responsabilidade ética particular do artista. Como a todos nós, assiste-lhe o simples direito de cidadania de aos costumes dizer nada. Mas poucos, enquanto figuras públicas, estão em tão boas condições de um gesto ético pertinente — simbolicamente pertinente, entenda-se. A muitos anónimos terá apetecido tocar e cantar enquanto o Muro de Berlim era derrubado — e certamente fizeram-no. Mas nenhum deles se chamava Rostropovitch, nenhum deles poderia fazer com que um violoncelo transformasse um muro numa praia de pedras, primeiro, e numa maré de pessoas, depois. Nenhum deles poderia assim unir sem dominar, como só a arte é capaz.

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