Livraria Centésima Página, Braga. Cinquenta pessoas. Aparentemente, nenhum padre na assistência. Frederico Lourenço fala e leva uns papeis de que pede desculpa: “a autora diz no livro que prefere as comunicações faladas às lidas, estão a ver, é um problema...” Começa a chamar à autora Laura Ferreira dos Santos, acaba em Laura — é assim o movimento da interpretação, cogita no seu canto o motorista. Religião, doença, dor. Andamento autobiográfico sem auto-comiseração. A velha lição do mundo: a realidade é muitas vezes mais espantosa que a ficção. A melómana: ah, as cantatas de Bach, essa prova tão simples da existência de deus... Simpatia & provocação. Razões de queixa do catolicismo — sim, compreende-as, também as tem. Aliás... Aliás — talvez as tenha mais. Quem mais ostracizado? A Igreja comporta a feminista enquanto feminista, não o homossexual enquanto homossexual. Mas tudo está para além disso, sem que isso deixe de ser importante. No fundo, o combate com a descrença. A dor ensinou-a? É verdade que a dor nos pode aproximar do essencial? A palavra a si, Laura.
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Driving Miss Laura # 5
Luís Mourão
30.3.08 |
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