Depois de o tribunal de Dijon e de Sarkozy terem recusado o seu pedido de morte assistida, Chantal Sébire ter-se-á suicidado ontem, ao fim da tarde. Os pormenores são ainda escassos, mas a polícia investiga já possíveis cúmplices na ajuda. Mas como é possível alegar que Chantal tinha ainda as condições suficientes para o acto, o mais provável é que a hipocrisia de estado mande que as averiguações sejam sumárias, e se encerre o caso rapidamente, quer dizer, se silencie qualquer veleidade de discussão sobre a eutanásia e/ou o suicídio assistido.
Também ontem, na vizinha Bélgica, o escritor, cineasta e pintor Hugo Claus, atingido por Alzheimer, pôde beneficiar daquilo que foi negado a Chantal: através de directiva antecipada, determinou o momento da sua morte, pedindo eutanásia, prática legalizada no país desde 2002.
Entretanto, Madhi Kazemi, jovem iraniano homossexual que corria o risco de ser deportado pelo governo inglês para o seu país de origem, aí enfrentando muito provavelmente a morte (como já acontecera ao seu companheiro), viu ser adiada a sua sentença. Para isso, muito terá contribuído a pressão de posições como as expressas entre nós por Eduardo Pitta (e vale a pena dizer que soube do caso pelo seu blogue antes de o saber pela Amnistia Internacional). Mas é preciso continuar a insistir.
A Europa em que me reconheço protege a vida dos perseguidos e ameaçados, dando-lhes condições para preserverar, e protege a ideia de vida dos que estão à beira da morte inevitável, concedendo-lhes o direito de morrer segundo os seus próprios termos e convicções.
Vida e morte na Europa: Chantal, Claus, Kazemi
Luís Mourão
20.3.08 |
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