Todo o caso amoroso constrói a sua cena de origem interminável, onde a história que une está a acontecer e a recomeçar por dentro de si mesma. Pode a história ter de facto ocorrido como pequeno episódio ou ser apenas a projecção de uma história a haver — pouco importa para a força da cena, a sua capacidade de fazer o real.
Haverá um espaço numas águas furtadas, ela dizia, e era assim que a história começava. Na inclinação da janela, mais céu que cidade. O cavalete onde pintas estas miniaturas, a vida por manchas. A cama de onde te vejo ao acordar. A distância doce entre nós. O teu lugar ainda quente. A manhã. Procuro o teu cheiro nos lençóis, é de onde te vejo melhor. Adormecerei ainda, ela dizia com restos de sono na voz, e era assim que a história terminava.
Procedimentos XIX
Luís Mourão
6.3.08 |
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