O lapsus é uma afirmação mais franca do que a mais transparente e literal confissão, mas não se deve assentar sobre ele qualquer juízo de carácter. O inconsciente humano é um fardo, todos o sabem, melhor é tratá-lo como o trânsito intestinal, remetendo-o para wc’s limpos, desinfectados e com algum design avançado. Em todo o caso, o lapsus pede interpretação, e não é preciso ser freudiano para saber que qualquer análise toma as suas demoras na exacta proporção da delicadeza das matérias. Pode-se, assim, sair incólume de um lapsus, mas não sem um vago odor de suspeita. Bem administrada, uma suspeita é rentável na troca social, porque nos distingue com capacidades vagamente temerárias — isso basta para que alguns se predisponham a dar-nos aquilo que talvez nem pensássemos pedir-lhes.
esboço # 11 [uma suspeita]
Luís Mourão
19.8.08 |
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