Às vezes cruzamo-nos connosco próprios numa vida paralela. Reconheci-o pela camisa. Era a coqueluche há tantos anos atrás que já nem me lembra quantos. Estampados tropicais talvez da altura em que a classe média começou a alcançar destinos mais exóticos. Moda rápida, no verão seguinte já vestia os trabalhadores da construção civil. A barba descuidada, a calvície em progressão. Sem disfarçar ao que vinha, apenas carregar o caixão e deitar terra para o buraco. Entrou pela igreja como por um caminho para o trabalho. Sem olhar ninguém, uma mistura de tédio e ira no semblante. Depois da primeira pazada acendeu um cigarro sem qualquer hesitação. Não o vi sair. Mas revi o lance de dados que deve ter existido num qualquer momento do destino, quando nos separaram para nascermos.
Siameses
Luís Mourão
2.8.08 |
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